segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Signos, índices e alguns fantasmas!

Olá assíduos leitores deste aclamado blog. O ano letivo está chegando ao fim, assim como minha paciência. Isso mesmo! Estou farto de escrever toneladas de palavras da maneira mais erudita e intelectual de que sou capaz (e sinceramente não sou tããão capaz nisso). Vocês sabem, produzir artigos e mais artigos cansam um pouco nossa cabeça. Tem hora que as palavras já nos faltam e parece que mais nada do que escrevemos faz algum sentido. Por estas e outras razões, decidi escrever meu texto na linguagem mais coloquial possível (relaxa, não haverá palavrões nem termos de baixo calão). Até porque este blog trata de “códigos e sistemas de comunicação” não é verdade?! Então, não façamos da comunicação algo penoso e de difícil compreensão. Introduzindo isso, vamos lá.

Meu objeto de análise será um clipe do qual gosto muito. É da banda canadense Nickeback e a música chama-se Someday. Confesso que não sou muito fã do grupo, mas o clipe é realmente bom (“qualé”, não posso emitir minha opinião? Dirce, não tire minha nota!). Continuando... a canção foi lançada em 2003 e é incorporada ao álbum The Long Road. Antes de prosseguir na leitura (isso se você já não desisitiu) acesse o link abaixo para assistir o vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=3c9RmtC-8mI

Pronto? Assistiu mesmo? Gostou? Não importa, pois vou continuar falando do clipe até o fim do texto. Primeiro quero falar que não vou fazer uma análise semiótica da música, mas sim da narrativa do vídeo. Pois bem, como já fora muito citado neste blog autores como Santaella, Eco e Barthes, não pretendo cair em repetição. No entanto, colocarei aqui, de maneira resumida e indireta, algumas idéias básicas destes ilustres autores referentes à semiótica e a semiologia.

Conceitua-se como Semiótica a ciência que estuda as formas de linguagem nas suas mais variadas formas de aparição. Se por um lado a Lingüística tem como principal objeto de estudo as linguagens orais e escritas, a Semiótica, mais abrangente, procura compreender o funcionamento de toda forma possível de linguagem, inclusive as não-verbais, como as imagens, cores, sons, músicas, entre outros exemplos. A complexidade humana situa-se na capacidade cognitiva de processar informações por meio de determinadas linguagens. Sendo assim, a competência comunicativa de poder significar as coisas e os fenômenos e de poder transmiti-los em conteúdos apreendidos é o fator que nos diferencia do restante dos animais.

Uma peça fundamental para a semiótica é o conceito de signo. Entende-se por signo uma coisa que se coloca no lugar de outra coisa com o objetivo de representá-la. Para esclarecer, o signo não é o objeto, mas sim a REPRESENTAÇÃO deste objeto. Sendo assim, o signo só possui valor de uso ao se estabelecer na mente de alguém, o que logo desencadeia em um processo chamado de interpretante. O interprete (aquele que interpreta) ao contatar a representação do objeto, haverá de produzir em sua mente não o objeto direto, mas sim seu signo. Não é preciso, por exemplo, que uma maçã esteja no alcance da visão de dois indivíduos para que eles possam formar idéias sobre uma maçã por meio de signos. Difícil? Ninguém disse que ia ser fácil, parceiro!

O clipe de Someday está repleto de signos de toda a sorte. Aliás, o próprio clipe é um signo. Toda sua narrativa é construída a base de signos que nos chegam aos olhos e que nos permite processá-los em nossa mente, tornando-os quase “reais”. Os signos vão constantemente sobrepondo-se uns aos outros na telinha do YouTube à medida que a narrativa vai sendo traçada. A mulher chorando, o homem confuso e desesperado, o leite derramado, o trânsito, os carros etc., todos estes elementos, ops, signos constroem um signo total (o clipe narrativo) que traz uma mensagem maior que todos os outros signos menores e que dá sentido a toda narrativa: a morte de ambos os protagonistas.

Suponhamos que esta seja a primeira vez que você viu o clipe. A mulher fica em prantos quando vê algo no jornal. Oh, mas o que será? Mas daí ela passa a ignorar completamente o homem ao seu lado. Bom, eles podem ter brigado, ela pode tê-lo visto no jornal com outra mulher, enfim, as opções são inesgotáveis. Mas aos 00:29 ela pega uma camiseta do cara e começa e guarda na mala. Eles não estariam brigados?! Por que ela iria querer uma camiseta do homem que ela não consegue nem mais olhar nos olhos? Estranho... Bom, gente, não vou narrar todo o clipe aqui por motivos óbvios. O que quero dizer é que só conseguiremos captar o sentido e a mensagem da narrativa quando esta chega ao fim. É então que podemos processar os signos e perceber a coerência de toda a história.

Ah, não venha me dizer que você já tinha sacado o fim do clipe logo no começo ou no meio. Bom, talvez até tenha, pois além de signos puros o vídeo também traz alguns índices bem sutis de que o cara é um fantasma! Aos 00:52 o rapaz pisa no leite e por algum fenômeno sobrenatural, literalmente, ele não deixa pegadas brancas no chão! Belo índice de que ele pode ser um ser incorpóreo, noá?! No 01:31, enquanto o carinha corre alucinadamente atrás do carro da garota, ela olha no retrovisor e não vê ninguém perseguindo-a. Vai que ele é um vampiro e não tem reflexo! Aí estão algumas pequenas pistas, ops, índices que podem ajudar a desvendar o mistério assombrado do clipe.

Bom meus amigos(as), por hoje é só. Gostaria de parabenizar todos aqueles que conseguiram, devido à persistência ou à falta de coisa melhor pra fazer, chegar até o fim deste texto repleto de piadinhas infames (bem ao meu gosto) e cheio de parênteses (nada a acrescentar). Até a próxima.

Luis Antonio Palma Hangai

Um comentário:

Dirce disse...

Luis
Apesar das piadinhas você fez uma boa análise do clip. Não desanime e chore menos pois no final do ano não é privilégio teu estar cansado.
Dirce