terça-feira, 4 de novembro de 2008

O símbolo e o sapato

Semiótica é a ciência geral dos signos. Os estudos de significação vêm desde a Grécia antiga, no entanto somente no séc XX é que começou a ser visto como ciência, com Ferdinand de Saussure e C. S. Peirce. A semiótica é aplicada em qualquer objeto sígnico: música, fotografia, roupas, cinema, romance...
Para pierce há três tipos de signos : o ícone, que representa o objeto, EX: fotografia; o índice é por meio dele que tiramos conclusões, EX: fumaça/fogo; símbolo, estabelece de formaarbitrária a relação entre o objeto e o signo, EX: a palavra cadeira. “Os signos são divisíveis conforme três tricotomias; a primeira, conforme o signo em si mesmo for uma mera qualidade, um existente concreto ou uma lei geral; a segunda, conforme a relação do signo para com seu objeto consistir no fato de o signo ter algum caráter em si mesmo, ou manter alguma relação existencial com esse objeto ou em relação com um interpretante; a terceira, conforme seu interpretante representá-lo como um signo de possibilidade ou como um signo de fato ou como um signo de razão.”
como prova de que a semiótica se aplica a qualquer coisa, fica como análise um episódio do seriado Sex and the City, intitulado de “O direito das mulheres de comprar sapatos” (6º temporada). Neste episódio a heroína da série Carrie Bradshaw, é convidada para uma festa do nascimento de um filho de uma antiga colega, Kyra, uma fotógrafa de sucesso que largou a vida badalada para se tornar mãe de três crianças.
Ao chegar à festa Carrie é obrigada a retirar os seus sapatos, que ela prefere chamar de “Manolo’s” (por causa da marca). Ao fim da festa seus sapatos foram roubados. A tristeza de Carrie a leva procurar Kyra, para saber se foram achados, a dona da casa se oferece para pagar e ao ouvir o valor 485 dólares, se recusa, Carrie fica muito embaraçada, e a “colega” diz que pagará metade, pois não é dever dela pagar pelas extravagâncias de Carrie, esta rebate “não foi minha escolha tirar os sapatos”.
Bradshaw começa a se questionar se é errado ter sapatos em vez de filhos, e faz as contas do quanto já gastou presenteando as escolhas de Kyra (noivado, casamento e presentes pra três crianças), e resolve tomar uma decisão: pega o telefone e deixa um recado: “Oi aqui é Carrie Bradshaw, queria dizer que estou me casando.... comigo mesma! A lista de presente está na Manolo Blahnik!” ao desligar o telefone a heroína comenta “ um pequeno gesto em nome das mulheres solteiras”.
Aqui o sapato não é apenas uma parte do vestuário, mas sim representa uma mulher que faz escolhas, independente e que não se deixa abater por nada. Carrie toma uma decisão em nome de muitas, ter sapatos não é um pecado, e ela exerce o seu direito de reaver o que lhe foi roubado.
Frase do episódio: “às vezes é difícil ser uma mulher solteira, por isso é preciso sapatos especiais, para tornar nossa caminhada um pouco mais divertida”. Carrie Bradshaw.
texto: Karina Rocha

Um comentário:

Dirce disse...

Karina
As relações antagônicas que reproduzem na mídia os clichês de valores simbólicos vividos na sociedade são sempre tema importante a ser analisado pela semiótica.
Ficam algumas questões que podem ser objeto de estudos futuros como as representações de versões estereotipadas das dondocas de New York e de como as dondocas emergentes dos países de 3o. mundo usam seus "manolos" como signo de status.
Dirce